Nos últimos meses, os noticiários do mundo mostraram um Brasil tomado por incêndios. As imagens das queimadas são chocantes, mostrando o fogo consumindo tudo o que encontra pela frente. Uma verdadeira tragédia ecológica, social e econômica. As queimadas ocorreram em vários estados da região centro-norte, espalharam fumaça por todo o Brasil e países vizinhos e estão sendo investigadas pela Polícia Federal. O Ministério do Meio Ambiente e Clima, com base em dados de pesquisadores, vê indícios de atos criminosos que desencadearam os incêndios.
Os cientistas explicam que há uma combinação de fatores que elevaram as queimadas este ano. Há uma forte seca na região centro-norte que, combinada e alimentada pela mudança climática global, criou um quadro climático favorável. Isso, associado a ações humanas, desencadeou os incêndios. Estas queimadas, junto aos eventos climáticos extremos, acendem um alerta para a sociedade brasileira. O que está ocorrendo é muito grave, impactando a produção agropecuária, afetando a saúde pública, a qualidade de vida da população e a economia.
A ciência não deixa dúvidas: as atividades humanas são responsáveis pelas mudanças climáticas e pela severidade e amplitude geográfica dos eventos climáticos. Os desmatamentos já realizados e que continuam acontecendo estão na base dessa situação. A derrubada da floresta amazônica diminuiu sua capacidade de produzir chuvas e umidade. Quando a floresta Amazônica e o cerrado queimam, compromete-se o futuro da produção agrícola brasileira e o abastecimento de água de boa parte do país. Sem água, não há vida, todos sabemos disso.
A FETRAT/RS avalia que passamos por um momento gravíssimo. Os anos recentes mostraram que os eventos extremos impactam toda a população e áreas estratégicas para a sociedade, como o abastecimento de água e a produção de alimentos. As mudanças climáticas são reais, recorrentes e se intensificam cada vez mais. Isso requer que a sociedade, governos e setores da economia assumam essa questão com urgência e prioridade.
Em relação às queimadas, a FETRAF/RS considera necessário que o governo federal identifique rapidamente os responsáveis pelos incêndios e os puna pela justiça. Não é aceitável que, em nome do lucro fácil, da ganância ou de ações criminosas, as bases da vida em sociedade e o meio ambiente sejam deteriorados e o futuro comprometido.
Ademais, sabemos que a produção agropecuária só é possível com condições ecológicas e climáticas adequadas. Portanto, é urgente investir na recuperação de áreas degradadas, proteger a biodiversidade, preservar a natureza e conservar os recursos hídricos. Precisamos adotar sistemas agrícolas mais sustentáveis que protejam a natureza, sejam resilientes, contribuam para a reversão das mudanças climáticas e permitam a permanência do agricultor no campo com renda. A agricultura familiar já contribui significativamente e pode fazer ainda mais para construir uma agropecuária ecologicamente sustentável. No entanto, é necessários o apoio e a ação dos governos, que têm grande responsabilidade, e da sociedade, que também é impactada.
Porto Alegre, 25 de setembro de 2024.